sábado, 28 de dezembro de 2013

abraço de tartaruga
que ontem eu costurei e ficou mais verde
pra sossegar coração aflito químico

diz que eu seja respeitosa dele triste
que é pra isso que ele existe também

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

divina pastora
mãe menininha
soprou meu pó translúcido pra se enfeitar
pediu ar pelos meus pulmões
pra deixar o ventre lacrimar

cinco minutos de sol sonolento
e  myra lee



























quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

eu sinto esse uivo introjetado
na certeza de que agora poderia evocar uma tempestade com as mãos

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

minha mãe e o Pedro Segundo disseram que eu pedisse pras formigas irem embora
o grito se ouvia lá da garibaldi também
não sei há quanto tempo
era com certeza vivo, máquina não sente assim
na última lua cheia o uivo solitário ecoou a noite inteira e eu quis puder abraçar
foi numa noite que eu ouvi do lado da janela da cozinha
que entendi que o som vivia solto no ar
naquela noite não pude dormir
eu pedi para o grito ir embora
desinventar o inferno que criou pra si
desgrudar destas paredes
perdoar seus parentes e irmãos
e outras coisas que eu ia sabendo que deveria dizer
deitados na cama, abraçados
eu acho que ele virou chuva
e até o vento agora passa aqui sem que pareça doer

terça-feira, 26 de novembro de 2013

era já madrugada quando eu cheguei
refugiada na cozinha
irada àtormentar estalos

meu pai numa voz que nunca vi me chamou na sala
- eu não lembro se eu pensei -

um beija-flor azul era uma mariposa gigante batendo asas embaixo do ventilador do quarto andar
- não quer ir embora, ele disse.

fizemos escuro e ele foi pra janela, olhou pra nós e saltou
voltei muito silenciosa pra cozinha

meu pai me chamou dessa vez com uma voz engraçada

um beija-flor azul menor que aquele rodopiava a sala


desse dia em diante  não falamos alto


terça-feira, 12 de novembro de 2013

milhões de asinhas cintilantes deslizavam nos quase dois dedos de poeira feliz de já quase estar terra outra vez
no dia de sol escondido, a cadeira de rodas e o cavalinho de crina pura e escarlates olhos de vidro testaram nossa serenidade pro uivo medonho que o vento as vezes faz
tínhamos pouco tempo porque contávamos com a desorientação espacial e nos perdemos algumas vezes
os vivos viviam invisíveis e escondidos e nos picaram bastante até entendermo-nos
eu conversava em língua humana - português - com os espíritos enquanto amolecia o tempo n'água
no único quarto ocupado havia uma cordilheira de caixas de papelão de caos e universos que a gente vive a completar com belos rabos de sereia

domingo, 3 de novembro de 2013


terça-feira, 8 de outubro de 2013

a casa velha tem um botão de rosa morto que eu beijo os brotos todos os dias
a casa nova é mágica e tem um poema pra mim escrito nos anos 90
eu li que preciso enraizante

sábado, 28 de setembro de 2013

mastigando toda área
pra dar forma ao bolo dos instintos inventados

tempo do espaço
espaço do tempo nascido carne
bolos de carne de tempo propriedade privada da morte
vida bolo de carne de ilusão e sorte


sexta-feira, 20 de setembro de 2013


segunda-feira, 12 de agosto de 2013


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

crianças de esquerda

- ela não te xingou?
- não.
- ela viu que tu não era a minha mãe. senão ia já reclamar da saia.
- é, ela viu também que era um lugar diferente aqui. e ela não pede bebida e fumo?
- não, ela só começa beber e fumar aos 16 anos. ela gosta muito de coca-cola e pingado. aí o pingado eu não sei o que é... olha, a cigana bateu cabeça pra ti.
- bateu? quando?
- quando ela deitou no chão ali.
- e o que que quer dizer?
- ela tá te pedindo a benção.
- he, eu não sabia. que linda!
- mas esse lenço não ficou legal, sora, a senhora não tem um lenço?
- só tenho um rosa. com umas caveirinhas.
- ela vai a-do-rar!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

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segunda-feira, 11 de março de 2013

jesus gritou:

- é uma cilada!
deixem que os mortos enterrem os mortos. vocês vêm comigo


domingo, 3 de março de 2013


quando eu cheguei na costa do morro recem chovido eu fiquei sentindo o espaco impondo seu bafo ritmado
cachos muitos suaves de fumaca subindo em todo o espaco ao redor.
todas as coisas vivas tem pelos branquinhos flamejantes circundantes.
os corpos da pessoas pulsam luz o tempo todo.
nos corpos humanos existe como uma capa estranha que parece que vai continuar alguma outra coisa mas que volta pra dentro do corpo, e eu via isso bem direitinho quando olhava minhas narinas no espelho, num estado fisico que parece plasma mas ao mesmo tempo fumaca e tem a forma de malha de pequeninos hexagonos.
no ar minhoquinhas de luz que pulsavam ritmos estranhos que as faziam se contorcer engracado pra se encontrar com outras e quando isso acontecia eles se fundiam fervilhando uma espuma como a do mar. era muito delicioso assistir aquela efervescencia. depois disso eu perdia o foco e nao sabia o que acontecia disso, mas o que eu entendi ali era que isso criava tudo. minha mae me disse que as minhoquinhas sao o prana, eu ainda nao sei direito o que eh o prana, mas acredito jah.
nos olhos das pessoas eu via um grande buraco negro, um escuro cheio de muitas muitas coisas girando.
quando eu parava o olhar nos meus bracos pelos escuros cresciam em varias direcoes e parecia um braco de macaco mas eu logo desviava o olhar porque era meio assustadora essa parte. minha aura eh dourada, e uma das coisas que eu mais queria nessa vida era ver uma aura, mas eu nao pude ver de mais ninguem porque parecia que nao faria sentido e eu nao sei porque mas entendo.
nos fios de luz dos postes na rua dava para um fio de energia preta espiralando cada um. 
entao a gente encontrou o marcelo e ele ate chorou. ja tava dando pra ver os olhos direito e eu nao vou esquecer os olhos deles tao cheios de tudo.

ja tardinha da noite eu voltei pra rede,  e fiquei olhando a figueira que brilhava mais de mil olhinhos que ate piscavam e passar rapido um triangulo de luz branca no meio dos galhos do topo.
agora eu jah sei que a belladona era usada pelas bruxas para voarem. eu nao sabia. eu achava que era para colica.
as bruxas sabiam.
casi me matam.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013





tem uma estrela na parede

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

disse pra neta que ela tinha tres anjos, um nas costas e os outros um de cada lado. um dia quando ela ja era moca a vo disse que so tinha um, o das costas e tambem estava era nada satisfeito.
entao pode dizer mais nada, porque ja via todos misturados.

os anjos ordenam:
a estupidez cria karma


o amor eh o que supera qualquer coisa pensada
eh o equilibrio que eh a sabedoria
a ordem

o amor eh a lei, o amor sob vontade

livre arbitrio livre mente
livre rendicao



sinto uma urgencia nas maos, de medo, medo de verdade

deus nos ajude a nos proteger



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

onda encantada do vento brankinha 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

http://camargooo.blogspot.com.br/2012/12/ocachorrinho-saiu-caminhando-pela.html
eh pra acreditar sem fe
eu estou escutando com palavras e sei que isto esta se manifestando diferente nisso que nao eh tempo nem vida que os olhos testemunham sem poder medir
desinventar a morte
invencao da sensacao das memorias criadas pela historia

eu gostaria de poder fazer isso melhor agora,
eu so vim dizer que tem que escutar e se escutar junto sem nenhum embasamento, que nao eh pra entender, que isso nao pode se transformar.

o norte eh sul  


domingo, 27 de janeiro de 2013

dao muito medo essas vozes zombeteiras que falam merdas como "tragico espetaculo"
o meu coracao quer sair pelas costas, muito alto pra longe desse portal
os olhos foscos do medico se encheram de oceano de novo quando ele repetiu em voz alta o apelo dos anjos
rezar para as almas
duvido de tudo, principalmente de mim choramingando
as minhas maos estao presas na cura do mundo
todas as vezes que eu tento chorar a minha pena o mundo providencia um tragico espetaculo
nada no mundo esmaga um peito assim

a ultima vida eh dedicada a eliminacao dos vestigios


sábado, 26 de janeiro de 2013

isso eh uma força boa

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

domingo, 6 de janeiro de 2013

ah meu, eu nao sei como dizer mais nada , eu sinto dores de parto acho que vou parir o sol. a delicadeza e gentileza com que tu te traduziu pra mim nessa vida eh um abraço gigante que mora no céu. e a clareza disso  me impede pra sempre de continuar utilizando essa força para fraquejar do teu lado que sempre se fez tão forte, me embalsamando com o peito sangrando, sorrindo sem vontade, pra que diminuísse o meu assombro.

a única coisa certa que eu sinto agora é essa morte doída sorrindo gratidão.


sábado, 5 de janeiro de 2013

uma vez um mestre jogou uma pedrinha na cara do outro e disse:
-alá os pintinhos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

eu quero me pedir pelos olhos da santa que eu não sei o nome
que eu sossegue o meu facho e vá cuidar mais e mais da minha vó e da minha mãe
que a vaidade pare de sair no que eu digo e que eu não tenha que dizer mais nada bonito
e da mesma forma, que eu seja inteira, matéria e vazio, pra muito além do corpo que eu enfeito
pra que eu perceba o mundo
pra que eu seja o mundo
e não essa coisa triste e sozinha que eu estou