abraço de tartaruga
que ontem eu costurei e ficou mais verde
pra sossegar coração aflito químico
diz que eu seja respeitosa dele triste
que é pra isso que ele existe também
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
minha mãe e o Pedro Segundo disseram que eu pedisse pras formigas irem embora
o grito se ouvia lá da garibaldi também
não sei há quanto tempo
era com certeza vivo, máquina não sente assim
na última lua cheia o uivo solitário ecoou a noite inteira e eu quis puder abraçar
foi numa noite que eu ouvi do lado da janela da cozinha
que entendi que o som vivia solto no ar
naquela noite não pude dormir
eu pedi para o grito ir embora
desinventar o inferno que criou pra si
desgrudar destas paredes
perdoar seus parentes e irmãos
e outras coisas que eu ia sabendo que deveria dizer
deitados na cama, abraçados
eu acho que ele virou chuva
e até o vento agora passa aqui sem que pareça doer
o grito se ouvia lá da garibaldi também
não sei há quanto tempo
era com certeza vivo, máquina não sente assim
na última lua cheia o uivo solitário ecoou a noite inteira e eu quis puder abraçar
foi numa noite que eu ouvi do lado da janela da cozinha
que entendi que o som vivia solto no ar
naquela noite não pude dormir
eu pedi para o grito ir embora
desinventar o inferno que criou pra si
desgrudar destas paredes
perdoar seus parentes e irmãos
e outras coisas que eu ia sabendo que deveria dizer
deitados na cama, abraçados
eu acho que ele virou chuva
e até o vento agora passa aqui sem que pareça doer
terça-feira, 26 de novembro de 2013
era já madrugada quando eu cheguei
refugiada na cozinha
irada àtormentar estalos
meu pai numa voz que nunca vi me chamou na sala
- eu não lembro se eu pensei -
um beija-flor azul era uma mariposa gigante batendo asas embaixo do ventilador do quarto andar
- não quer ir embora, ele disse.
fizemos escuro e ele foi pra janela, olhou pra nós e saltou
voltei muito silenciosa pra cozinha
meu pai me chamou dessa vez com uma voz engraçada
um beija-flor azul menor que aquele rodopiava a sala
desse dia em diante não falamos alto
refugiada na cozinha
irada àtormentar estalos
meu pai numa voz que nunca vi me chamou na sala
- eu não lembro se eu pensei -
um beija-flor azul era uma mariposa gigante batendo asas embaixo do ventilador do quarto andar
- não quer ir embora, ele disse.
fizemos escuro e ele foi pra janela, olhou pra nós e saltou
voltei muito silenciosa pra cozinha
meu pai me chamou dessa vez com uma voz engraçada
um beija-flor azul menor que aquele rodopiava a sala
desse dia em diante não falamos alto
terça-feira, 12 de novembro de 2013
milhões de asinhas cintilantes deslizavam nos quase dois dedos de poeira feliz de já quase estar terra outra vez
no dia de sol escondido, a cadeira de rodas e o cavalinho de crina pura e escarlates olhos de vidro testaram nossa serenidade pro uivo medonho que o vento as vezes faz
tínhamos pouco tempo porque contávamos com a desorientação espacial e nos perdemos algumas vezes
os vivos viviam invisíveis e escondidos e nos picaram bastante até entendermo-nos
eu conversava em língua humana - português - com os espíritos enquanto amolecia o tempo n'água
no único quarto ocupado havia uma cordilheira de caixas de papelão de caos e universos que a gente vive a completar com belos rabos de sereia
no dia de sol escondido, a cadeira de rodas e o cavalinho de crina pura e escarlates olhos de vidro testaram nossa serenidade pro uivo medonho que o vento as vezes faz
tínhamos pouco tempo porque contávamos com a desorientação espacial e nos perdemos algumas vezes
os vivos viviam invisíveis e escondidos e nos picaram bastante até entendermo-nos
eu conversava em língua humana - português - com os espíritos enquanto amolecia o tempo n'água
no único quarto ocupado havia uma cordilheira de caixas de papelão de caos e universos que a gente vive a completar com belos rabos de sereia
domingo, 3 de novembro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
crianças de esquerda
- ela não te xingou?
- não.
- ela viu que tu não era a minha mãe. senão ia já reclamar da saia.
- é, ela viu também que era um lugar diferente aqui. e ela não pede bebida e fumo?
- não, ela só começa beber e fumar aos 16 anos. ela gosta muito de coca-cola e pingado. aí o pingado eu não sei o que é... olha, a cigana bateu cabeça pra ti.
- bateu? quando?
- quando ela deitou no chão ali.
- e o que que quer dizer?
- ela tá te pedindo a benção.
- he, eu não sabia. que linda!
- mas esse lenço não ficou legal, sora, a senhora não tem um lenço?
- só tenho um rosa. com umas caveirinhas.
- ela vai a-do-rar!
- não.
- ela viu que tu não era a minha mãe. senão ia já reclamar da saia.
- é, ela viu também que era um lugar diferente aqui. e ela não pede bebida e fumo?
- não, ela só começa beber e fumar aos 16 anos. ela gosta muito de coca-cola e pingado. aí o pingado eu não sei o que é... olha, a cigana bateu cabeça pra ti.
- bateu? quando?
- quando ela deitou no chão ali.
- e o que que quer dizer?
- ela tá te pedindo a benção.
- he, eu não sabia. que linda!
- mas esse lenço não ficou legal, sora, a senhora não tem um lenço?
- só tenho um rosa. com umas caveirinhas.
- ela vai a-do-rar!
segunda-feira, 11 de março de 2013
domingo, 3 de março de 2013
quando eu cheguei na costa do morro recem chovido eu fiquei sentindo o espaco impondo seu bafo ritmado
cachos muitos suaves de fumaca subindo em todo o espaco ao redor.
todas as coisas vivas tem pelos branquinhos flamejantes circundantes.
os corpos da pessoas pulsam luz o tempo todo.
nos corpos humanos existe como uma capa estranha que parece que vai continuar alguma outra coisa mas que volta pra dentro do corpo, e eu via isso bem direitinho quando olhava minhas narinas no espelho, num estado fisico que parece plasma mas ao mesmo tempo fumaca e tem a forma de malha de pequeninos hexagonos.
no ar minhoquinhas de luz que pulsavam ritmos estranhos que as faziam se contorcer engracado pra se encontrar com outras e quando isso acontecia eles se fundiam fervilhando uma espuma como a do mar. era muito delicioso assistir aquela efervescencia. depois disso eu perdia o foco e nao sabia o que acontecia disso, mas o que eu entendi ali era que isso criava tudo. minha mae me disse que as minhoquinhas sao o prana, eu ainda nao sei direito o que eh o prana, mas acredito jah.
nos olhos das pessoas eu via um grande buraco negro, um escuro cheio de muitas muitas coisas girando.
quando eu parava o olhar nos meus bracos pelos escuros cresciam em varias direcoes e parecia um braco de macaco mas eu logo desviava o olhar porque era meio assustadora essa parte. minha aura eh dourada, e uma das coisas que eu mais queria nessa vida era ver uma aura, mas eu nao pude ver de mais ninguem porque parecia que nao faria sentido e eu nao sei porque mas entendo.
nos fios de luz dos postes na rua dava para um fio de energia preta espiralando cada um.
entao a gente encontrou o marcelo e ele ate chorou. ja tava dando pra ver os olhos direito e eu nao vou esquecer os olhos deles tao cheios de tudo.
ja tardinha da noite eu voltei pra rede, e fiquei olhando a figueira que brilhava mais de mil olhinhos que ate piscavam e passar rapido um triangulo de luz branca no meio dos galhos do topo.
agora eu jah sei que a belladona era usada pelas bruxas para voarem. eu nao sabia. eu achava que era para colica.
as bruxas sabiam.
casi me matam.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
disse pra neta que ela tinha tres anjos, um nas costas e os outros um de cada lado. um dia quando ela ja era moca a vo disse que so tinha um, o das costas e tambem estava era nada satisfeito.
entao pode dizer mais nada, porque ja via todos misturados.
os anjos ordenam:
a estupidez cria karma
o amor eh o que supera qualquer coisa pensada
eh o equilibrio que eh a sabedoria
a ordem
o amor eh a lei, o amor sob vontade
livre arbitrio livre mente
livre rendicao
sinto uma urgencia nas maos, de medo, medo de verdade
deus nos ajude a nos proteger
entao pode dizer mais nada, porque ja via todos misturados.
os anjos ordenam:
a estupidez cria karma
o amor eh o que supera qualquer coisa pensada
eh o equilibrio que eh a sabedoria
a ordem
o amor eh a lei, o amor sob vontade
livre arbitrio livre mente
livre rendicao
sinto uma urgencia nas maos, de medo, medo de verdade
deus nos ajude a nos proteger
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
eh pra acreditar sem fe
eu estou escutando com palavras e sei que isto esta se manifestando diferente nisso que nao eh tempo nem vida que os olhos testemunham sem poder medir
desinventar a morte
invencao da sensacao das memorias criadas pela historia
eu gostaria de poder fazer isso melhor agora,
eu so vim dizer que tem que escutar e se escutar junto sem nenhum embasamento, que nao eh pra entender, que isso nao pode se transformar.
o norte eh sul
eu estou escutando com palavras e sei que isto esta se manifestando diferente nisso que nao eh tempo nem vida que os olhos testemunham sem poder medir
desinventar a morte
invencao da sensacao das memorias criadas pela historia
eu gostaria de poder fazer isso melhor agora,
eu so vim dizer que tem que escutar e se escutar junto sem nenhum embasamento, que nao eh pra entender, que isso nao pode se transformar.
o norte eh sul
domingo, 27 de janeiro de 2013
sábado, 26 de janeiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
domingo, 6 de janeiro de 2013
ah meu, eu nao sei como dizer mais nada , eu sinto dores de parto acho que vou parir o sol. a delicadeza e gentileza com que tu te traduziu pra mim nessa vida eh um abraço gigante que mora no céu. e a clareza disso me impede pra sempre de continuar utilizando essa força para fraquejar do teu lado que sempre se fez tão forte, me embalsamando com o peito sangrando, sorrindo sem vontade, pra que diminuísse o meu assombro.
a única coisa certa que eu sinto agora é essa morte doída sorrindo gratidão.
a única coisa certa que eu sinto agora é essa morte doída sorrindo gratidão.
sábado, 5 de janeiro de 2013
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
eu quero me pedir pelos olhos da santa que eu não sei o nome
que eu sossegue o meu facho e vá cuidar mais e mais da minha vó e da minha mãe
que a vaidade pare de sair no que eu digo e que eu não tenha que dizer mais nada bonito
e da mesma forma, que eu seja inteira, matéria e vazio, pra muito além do corpo que eu enfeito
pra que eu perceba o mundo
pra que eu seja o mundo
e não essa coisa triste e sozinha que eu estou
que eu sossegue o meu facho e vá cuidar mais e mais da minha vó e da minha mãe
que a vaidade pare de sair no que eu digo e que eu não tenha que dizer mais nada bonito
e da mesma forma, que eu seja inteira, matéria e vazio, pra muito além do corpo que eu enfeito
pra que eu perceba o mundo
pra que eu seja o mundo
e não essa coisa triste e sozinha que eu estou
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