quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

meu sorriso triste
retumba a percussão poderosa
do amor que brilha ao contrário

não é preciso mostrar o dentes
nem chicotear no espaço
as convulsões do magnetismo desse cordão prateado

matéria deseja teu abraço sem fundo
que amarre meus pulsos nas costas
derreta a fúria dos ossos
da serpente do meu lombo

espírito segue uma só reta para o infinito
toma vento na rua
nuvem pra ser soprada
e chover violeta

frustração ventura
me liberta da pretensão
de calcular o absurdo
da criação

amando ao contrário
de fora pra dentro pra fora
pra fora do tempo

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lugar sem comportamento é o coração.
Ando em vias de ser compartilhado.
Ajeito as nuvens no olho.
A luz das horas me desproporciona.
Sou qualquer coisa judiada de ventos.
Meu fanal e um poente com andorinhas.
Desenvolvo meu ser até encostar na pedra.
Repousa uma garoa sobre a noite.
Aceito no meu fado o escurecer.
No fim da treva uma coruja entrava.

do manoel de barros

sábado, 24 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

59. A Jornada

Mesmo que você tenha quebrado seus votos mil vezes...

Tristeza, sofrimento e miséria – tudo tem que ser tomado de forma não-séria, porque, quanto mais você os levar à sério, mais difícil será livrar-se deles. Quanto menos sério você for, mais fácil ficará passar através do sofrimento, através dos períodos de escuridão, cantando uma canção. E, se uma pessoa é capaz de passar por esses períodos cantarolando e dançando, então por que se torturar sem necessidade? Torne essa jornada apenas um belo assunto para risadas.

Há uma bela frase de Mevlana Jalaluddin Rumi, um dos maiores mestres sufis de todos os tempos. Ele disse: Venha, quem quer que seja; Errante, religioso, amante do conhecimento... Não importa. Não é de desespero, nossa caravana. Venha, mesmo que por mil vezes Tenhas quebrado seu voto. Venha, venha, e mais uma vez, venha. Lembre-se desta bela frase: “Não é de desespero nossa caravana.” Também posso dizer isto. Não é de desespero nossa caravana, é a celebração da vida. As pessoas se tornam religiosas para fugir à infelicidade, e aquele que se torna religioso por conta da miséria está se tornando religioso pelas razões erradas. E, se algo já começa errado, o fim não poderá dar certo. Torne-se religioso por causa da alegria, por causa da experiência da beleza que está ao seu redor, por causa do enorme presente que Deus lhe deu: a vida. Torne-se religioso por gratidão. Seus templos, suas igrejas, suas mesquitas e gurudwaras estão cheios de pessoas miseráveis. Elas transformaram também os seus templos em infernos. Estão lá porque estão em agonia. Elas não conhecem Deus, não têm interesse em Deus. Não estão preocupadas com a verdade, não há questionamento. Estão lá apenas para serem consoladas, confortadas. Então procuram qualquer um que possa dar a elas crenças fáceis com as quais possam remendar suas vidas, esconder suas feridas, cobrir sua infelicidade. Estão lá à procura de uma falsa satisfação. A nossa caravana não é de desespero. É um templo de alegria, de canções, de música, de criatividade, de amor e vida. Não importa. Você pode ter quebrado todas as regras de conduta ou de moralidade. Na verdade, qualquer um que tenha alguma coragem irá quebrar essas regras. Concordo com Jalaluddin Rumi, quando ele diz: Venha, mesmo que por mil vezes Tenha quebrado seu voto. As pessoas inteligentes irão quebrar todos os seus votos muitas vezes, porque a vida está sempre mudando, as situações mudam. E um voto é feito sob pressão – talvez o medo do inferno, a ganância pelo paraíso, respeitabilidade na sociedade... Não está vindo do núcleo mais profundo de seu ser. Quando algo vem de seu próprio ser interno, nunca se quebrará. Mas então não será um voto, será um fenômeno simples, como respirar. Venha, venha e mais uma vez venha. Todos são bem-vindos, sem qualquer condição. Você não precisa preencher nenhum pré-requisito. Chegou a hora em que é necessário uma grande rebelião contra todas as religiões estabelecidas. A religiosidade é necessária no mundo, mas não precisamos de novas religiões – chega de hindus, cristãos, mulçumanos -, apenas de pessoas puramente religiosas, pessoas que tenham grande respeito por si mesmas.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

deitei na cama
e deixei a cabeça cair pra fora
de ponta cabeça olhei pra frente
encontrei a cabeça do gigante do gentle giant enervada na madeira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

chovi uma semana
quase me perco
mas eu não vou matar nada
tampouco isso vai despertar à solavancos
aunque o tempo pareça parado
aunque dessa indiferença me espie o monstro um olho do armário
te desejam o sopro
os cataventos
na traaave

sábado, 17 de dezembro de 2011

i wish you happiness florzinha

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

eu tava com medo
dai fui arrumar a cama da vó, que era a minha, eu não tenho mais
me vi no espelho
e eu vi a clareza da essência

não sou o amor que recebo
não sou a beleza que vêem os olhos

sou o amor que multiplico
sou bonita temperança

pra roda do medo
são atraídos todos os perigos do mundo
cegos adrenalinados
perigosos
secamos a fonte do fantástico

intuição não tem palavra
amor não tem contexto
um dia eu abri a porta
e a palavra sentou no tapete da sala
desfalece no jardim da flor do dia

invade o jardim da flor da noite

vermelha e suada tua cara feliz
cabelo molhado grudado na testa

teu meu retrato

e agora que eu sou maior que o tempo
eu quero me perder sem pressa no acaso do meu jardim

e quando tu mastigar o perfume da dama da noite
eu continuo flor

pra fazer botoezinhos

pelo teu calor
porque tu faz tão frio
me suplicam as tripas

vagueio pelo jardim à noite
pra fazer das perguntas que eu não quero fazer
orvalho e poeira de estrela

sou lótus do dia
moro na cara do sol

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sou a serenidade do fantástico
chovi no por do sol
colori arco íris relampejando todo o céu rosa

e nenhum ceticismo se criou
baixo essas circunstâncias
ah
que chuva linda

sábado, 10 de dezembro de 2011

mahamudra

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

fecho os olhos bufando, mordendo um lábio
gozo os espasmos
da música rodopiar garganta e ventre todo
como líquido ácido vertiginante
e a espinha arqueia suave e compassada
ou violenta, como se fosse partir ao meio e dessa fissura muitas coisas pequenas e bonitas quisessem ser lançadas pro alto