abraço de tartaruga
que ontem eu costurei e ficou mais verde
pra sossegar coração aflito químico

diz que eu seja respeitosa dele triste
que é pra isso que ele existe também

divina pastora
mãe menininha
soprou meu pó translúcido pra se enfeitar
pediu ar pelos meus pulmões
pra deixar o ventre lacrimar

cinco minutos de sol sonolento
e  myra lee

eu sinto esse uivo introjetado
na certeza de que agora poderia evocar uma tempestade com as mãos

minha mãe e o Pedro Segundo disseram que eu pedisse pras formigas irem embora
o grito se ouvia lá da garibaldi também
não sei há quanto tempo
era com certeza vivo, máquina não sente assim
na última lua cheia o uivo solitário ecoou a noite inteira e eu quis puder abraçar
foi numa noite que eu ouvi do lado da janela da cozinha
que entendi que o som vivia solto no ar
naquela noite não pude dormir
eu pedi para o grito ir embora
desinventar o inferno que criou pra si
desgrudar destas paredes
perdoar seus parentes e irmãos
e outras coisas que eu ia sabendo que deveria dizer
deitados na cama, abraçados
eu acho que ele virou chuva
e até o vento agora passa aqui sem que pareça doer