segunda-feira, 17 de outubro de 2011

bloqueio

marginal assobia nas palavras
tosca angustia premiada

(uma vez vestimos a lucia de mendiga e fizemos ela entrar na casa de cultura e ficar perambulando no saguao, logo veio um seguranca que muito polida e delicadamente perguntou: - a senhora deseja alguma coisa? teu olho limpo eh tao despido de qualquer sordidez que assusta. eh como ter que ser muito generoso na tua forma de ferir todas as minhas tolices. e nao importam quais a razoes que me mantem no submundo, elas acabaram se evidenciando letalmente. nao as busco. cedo me ensinaste isso. confusao para exercitar o espirito e descobrir no silencio e na contemplacao da minha quietude o dominio do desejo. e foi a morte do orgulho de todos os simbolos que me constroem. e foi quando eu aceitei as cores. me despedi das recompensas, para virar ser vento. entidade magica da poesia que precisa da minha catarse, minha consciencia, experimento do universo para essa mutacao amorosa do ser humano. e resgatar um por um dos meus infernos e deixar que as pedras gigantes rolem pelas montanhas sem ter nunca mais que baixar a cabeca e empurra-las de volta. ontem eu vi gente jogando cadeiras nas cabecas de outras e so consigo pensar na urgencia da minha propria revolucao. na mesquinhez das tristezas que escolho, na facilidade que tenho em machucar por poder. na maneira como as midias estao costuradas nessa malha social vigilante que te possui na ideia de materializar um superhomem decorativo do conhecimento produto, arte desconetada da magia. o manuel de barros dizia que fazer com que poema defenda teses eh uma aberracao. imediatamente me vejo nesse corredor, doente procurando motivos para o meu fracasso, cravando diamantes falsos na testa, batendo na porta de lugares estupidos de onde graciosamente os anjos me sopram longe.
a praia arabe, eu sonhei com a praia arabe, mas a praia arabe sou eu)



despi o roupao da palavra bloqueio